EB 2,3 Infante D. Fernando - Biblioteca

08/10/2021

A origem dos contos de fadas

 




Os contos de fadas pertencem à Literatura Infantil, mas nem por isso deixam de encantar pessoas de várias idades pelo mundo fora. Considerados clássicos da literatura mundial, os contos de fadas têm origem em tempos remotos e nem sempre se apresentaram como os conhecemos hoje. O aspecto fantasioso e lúdico que hoje os envolve surgiu da necessidade de minimizar enredos controversos e polémicos, próprios de uma época em que a civilização ainda não tinha inventado o conceito que hoje conhecemos tão bem: a infância. Chamamos de contos de fadas porque são histórias que têm a sua origem na cultura céltico-bretã, na qual a fada, um ser fantástico, tem uma importância fundamental.

il. Warwick Goble


A primeira coletânea de contos infantis surgiu no século XVII, em França, organizada pelo poeta e advogado Charles Perrault. As histórias recolhidas por Perrault tinham origem na tradição oral e até então não tinham sido documentadas. Oito histórias foram contempladas, A Bela Adormecida; Capuchinho Vermelho; Barba Azul; O Gato das Botas; As Fadas; Cinderela ou A Gata Borralheira e O Pequeno Polegar. Sendo assim, a Literatura Infantil como género literário nasceu com Charles Perrault, mas só seria amplamente difundida posteriormente, no século XVIII, a partir das pesquisas linguísticas realizadas na Alemanha pelos Irmãos Grimm (Jacob e Wilhelm).

Ao realizar as suas pesquisas linguísticas, que tinham por objetivo descobrir invariantes linguísticas originárias nas narrativas orais, os Irmãos Grimm descobriram um variado acervo de histórias maravilhosas disseminadas de geração em geração. Formaram, assim, a coletânea que reuniu contos como A Bela Adormecida; Branca de Neve e os Sete Anões; Chapeuzinho Vermelho; A Gata Borralheira; O Ganso de Ouro; Os Sete Corvos; Os Músicos de Bremen; A Guardadora de Gansos; Joãozinho e Maria; O Pequeno Polegar; As Três Fiandeiras; O Príncipe Sapo e dezenas de outros contos. Contudo, ao documentar as histórias, os Irmãos Grimm, influenciados pelo ideário cristão que já dominava o pensamento da época, fizeram diversas alterações no enredo de alguns contos, já que esses muitas vezes apresentavam aspectos polémicos com episódios de violência ou maldade, envolvendo, inclusive, crianças.

il. Warwick Goble


O acervo da Literatura Infantil Clássica seria completado pelas histórias do dinamarquês Hans Christian Andersen, que seguiu a estrutura defendida pelos Irmãos Grimm. As histórias deveriam ser permeadas pelos mesmos ideais, defendendo valores morais e a fé cristã. Um aspecto importante difere as histórias de Andersen das narrativas anteriores, pois, baseado na fé cristã, criou elementos que falavam às crianças sobre a necessidade de compreender a vida como um caminho tortuoso a ser percorrido com retidão e resiliência para que enfim, na morte, o céu fosse alcançado. Os contos de Andersen são considerados os mais tristes, pois muitos deles não apresentam um final feliz. A história A Pequena Vendedora de Fósforos é um exemplo que ilustra bem o estilo de Andersen.

Ao analisarmos a origem dos contos de fadas, podemos perceber as profundas alterações que o género sofreu ao longo do tempo, alterações feitas para diminuir o impacto negativo das histórias originais. Claro que devemos observar que os tempos eram outros e ainda não havia uma preocupação com aspectos lúdicos que hoje são tão importantes para a formação dos pequenos. Hoje é sabido que temáticas consideradas violentas podem influenciar negativamente as crianças e por isso não aceitamos a linguagem original empregada nas primeiras versões dos contos. Mas, numa leitura mais atenta, ainda é possível perceber resquícios do universo assustador que habitava as histórias originais.

Fonte: brasilescola.uol.com