Sinto a falta do meu
irmão mais velho, foi para a guerra, por uma razão que ainda hoje, passado um
ano, desconheço. Espero que a mudança da qual os meus pais falam, esteja
relacionada com isso.
A única pista que
tenho é o rádio. Há horas que olham fixamente para ele, escutam atentamente o
som que dele sai… Isso deixa-me ainda mais curiosa e intrigada.
“Grândola vila
morena, terra da fraternidade…”
A partir do momento que essa música passou na rádio, tudo
passou a ser diferente, inclusive a atitude dos meus pais, que me mandaram
ficar fechada em casa, enquanto eles íam “ver se a tia estava melhor”. Não acreditei, pois
ninguém fica tão contente, só porque vai visitar uma tia doente.
Na rua, de um momento espalhou-se um alvoroço, e eu
continuei a olhar pela janela. Passaram tanques cheios de militares, que por
mais estranho que pareça, tinham um sorriso na cara. Fiquei assustada, e decidi
fazer o que os meus pais mandaram, ir
dormir.
Horas mais tarde, os meus pais chegaram a casa com um cravo na mão e , mais felizes que nunca disseram-me:
Horas mais tarde, os meus pais chegaram a casa com um cravo na mão e , mais felizes que nunca disseram-me:
- Viva a LIBERDADE"
Matilde Francisco
8º ano
Ilustração, Michelle Kondrich