As árvores crescem sós. E a sós florescem.
Começam por ser nada.
Pouco a pouco se levamtam do chão, se alteiam palmo a
palmo.
Crescendo deitam ramos, e os ramos outros ramos,
Depois, por entre as folhas, vão-se esboçando as flores,
deles crescem as flores, e as flores produzem frutos,
e os frutos dão sementes,
e as sementes prepram novas árvores.
E tudo sempre a sós, a sós consigo mesmas.
Sem verem, sem ouvirem, sem falarem.
Sós.
Sós, sempre sós.
Nas planícies, nos montes, nas florestas,
a crescer e a florir sem consciência.
Virtude vegetal viver a sós
e entretanto dar flores.
António Gedeão