EB 2,3 Infante D. Fernando - Biblioteca

30/01/2013

Nelson Mandela

Ilustração: Daniela Rodrigues do 5º ano

"Ao longo dos milénios que a História leva de contados, surgem figuras que a memória colectiva dos homens vai retendo.

E, através do sopro do tempo, esses nomes vão passando, galgam gerações e não se sabe quando tem fim este percurso autonómico.

Homens ou mulheres deixaram, na História, o rasto da sua incrível e inapelável perversidade, do seu cinismo, da sua hipocrisia - quem sabe, se da sua doença mental? - e que os/as levou a tornarem-se conhecidos e citados por más razões.

Outros e outras houve cuja passagem pela vida é invocada em citações de ostensiva cultura ou em apelos de exemplar e sublime mensagem.

São seres humanos fiéis a um ideal que se propuseram seguir e defender, sem se afastarem, sob qualquer pretexto, da linha traçada que os conduzia à integração plena da sua consciência.

São seres humanos que sempre consideraram o seu semelhante como parte integrante do mundo em que eles próprios se moviam e, como tal, detentor de todos os direitos.

Nem eles próprios se sentiam capazes de viver, na indiferença. Lutar em defesa dos que não tinham voz ou apenas podiam lançar um gemido quase inaudível, fez desses lutadores - homens ou mulheres - gigantes no meio de uma sociedade de que teimava em fechar os olhos a uma realidade cruel e mesquinha.

Lutaram, intrepidamente, por um ideal de paz, concórdia e fraternidade.

Até ao fim, os valores mais altos da dignificação do homem foram defendidos.

Os conceitos de paz, concórdia e fraternidade não eram meras notas essenciais, não eram abstracções estéreis, foram, sim, valores dignificadores desses homens e mulheres que se imolaram na defesa e ideais nunca traídos.

Três grandes pacifistas, concordes e fraternos enriqueceram o século XX. Repudiaram a luta que opunha, violentamente homens contra homens; que encharcava de sangue, transformado em ódio, a face do irmão discordante.

Pregaram a palavra do amor, não o amor rendido às paixões, mas o amor que glorifica o ser amado, que o respeita e defende. O seu ideal não foi imaculado pelo ódio, não violentou, não submeteu a força da razão à força da violência.

Foram três homens impolutos, magníficos, surpreendentes, imortalizados pelo vigor da palavra e pela coerência dos seus actos.

Robustos e imparáveis na fé das suas convicções, encontraram ânimo e valor para enfrentar o inimigo, sujeitando-o à humilhação de, sendo poderoso pelas armas, era frágil ao desprezar o que o homem tem de superior: a dignidade.

Pregadores da paz, os dois primeiros morreram às mãos de quem encontrou na violência a resposta para a ousadia dos que queriam mudar o rumo de uma sociedade adormecida.

Felizmente, está vivo e ainda vigoroso no seu pensamento, Nelson Mandela, mártir da Àfrica do Sul".

Maria Noémia de Melo Leitão


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